Hoje o dia amanheceu cedo. Ontem eu levei o Tobias pra uma das minhas caminhadas longas, pensando que ele ia dormir até mais tarde hoje, mas me enganei. Eram seis e meia quando ele começou a pedir pra sair. Eu até consegui ficar na cama mais um pouquinho — mas não tanto quanto eu queria. Pelo menos o dia está bonito — o céu ta bem azul, e tá fresquinho (15°C). Eu quero aproveitar o máximo possível esse tempo ameno antes do calorão infernal de Porto Alegre começar.

Minha semana foi, ao mesmo tempo, muito longa e muito curta. Muito longa, porque as horas de trabalho foram sem sossego nenhum; muito curta, porque tive pouco tempo pra me divertir. Não consegui ler, porque quando caía na cama eu já pegava no sono (isso não justifica a completa ausência de um livro na dieta cultural dessa semana, eu sei), mas consegui caminhar todos os dias essa semana. Isso foi bacana, faziam meses que eu não conseguia bater o pé no chão e demandar esse tempo pras minhas caminhadas. Quero ver se a próxima semana me trata melhor, e se o tempo continua bom assim.

Filme: O Doce Amanhã.

Crianças sentadas no ônibus escolar, em destaque está uma menina loira, com uma touca e roupa de frio

Puta filme. Eu acho que não vi nenhum filme do Atom Egoyan antes, mas se eles forem tão bons quanto O Doce Amanhã (The Sweet Hereafter, 1997), vou ter uma cambada de filme bom pra assistir daqui pra frente. Assisti porque foi o filme que o The Next Picture Show fez par com A Hora do Mal, e faz todo sentido. Ambos os filmes são sobre uma tragédia que acometeu as crianças de uma cidadezinha no interior, contados com idas e vindas temporais sob pontos de vida distintos. Se A Hora do Mal me lembrava The Leftovers, O Doce Amanhã foi uma inspiração de estrutura e de tom pra série.

Esse filme talvez a melhor descoberta que eu tive esse ano. É um filme frio e sombrio — quando você acha que a situação é ruim, ela fica pior —, mas O Doce Amanhã parece saber como modular seu tom muito bem. Embora todos os personagens estejam passando por uma barra, Egoyan ainda filma como essas pessoas ainda fazem parte de uma comunidade — e como essa comunidade é formada de indivíduos com seus próprios interesses. Assim como o tom, Egoyan modula muito bem o que é egoísmo e o que é senso de comunidade nessa tragédia.

Anos 90: a melhor década do cinema?


Jogo: Metroid Dread.

Samus acertando um golpe num robô

Eu ando bem negligente nos meus jogos. Comecei Ocarina of Time, A Link Between Worlds e Hollow Knight: Silksong nas últimas semanas, mas parei todos logo depois. Eu sou tão ruim em Silksong que eu mal cheguei no primeiro chefão antes de desistir e ir pra outra coisa. Silksong me deu vontade de dar mais uma chance à Metroid Dread (Switch), um metroidvania difícil, mas não tanto. E Dread fez muito mais sentido pra mim dessa vez. É difícil sim, mas a tentativa e o erro dos chefões faz mais sentido depois de ter jogado os Metroid Prime, que leva essa tentativa e erro para os ambientes também. Eu acho que esse jogo eu vou continuar até o final. É um jogo massa. A Samus é massa.

Eu fui especialmente negligente com minha ilha essa semana (falta de tempo, eu juro). Só iniciei New Horizons pra tomar café (Rooster é o meu melhor amigo) e tentar comprar uma obra de arte do Redd (a única original essa semana eu já tinha). Ontem de noite foi a única noite que eu tive mais tempo para dar oi pra todos os meus vizinhos. Ontem eu também joguei Breath of the Wild depois de umas duas semanas e iniciei a missão de Vah Ruta no Território Zora. Logo mais pego as flechas de raio.


Série: Mussolini: Filho do Século (primeiro episódio)

O rosto de Benito Mussolini em meio às sombras

Não vi o episódio de Alien: Earth essa semana, talvez eu veja no fim de semana. Vou estar visitando meus pais e nossa assinatura do Disney+ fica na casa deles desde que a Disney bloqueou o compartilhamento de senhas. Essa semana eu terminei de rever a primeira temporada de Community.

Assisti o primeiro capítulo de Mussolini: O Filho do Século (na MUBI), a minissérie do Joe Wright. Gostei bastante do que a série ensaia nesse primeiro episódio — usar o carisma do ator para refletir o carisma que o facista teve na Itália, fazendo ele conversar com a audiência o tempo todo para “vender seu ponto”. Eu tenho um certo problema com bibliografias que se centram demais em seus personagens como as figuras públicas que eram, sem dar tempo para como eles eram ao redor de outros assuntos mais particulares, mas estou relevando isso por enquanto. É só o primeiro episódio.

É uma série que se assenta muito no discurso, Mussolini fala o tempo todo, seja pra agir ou pra explicar para a audiência o porque ele está fazendo tudo. Joe Wright parece saber disso, então preenche a série com seus visuais estonteantes. A cenografia é maravilhosa, o ritmo é muito bom, quase operístico. Ele encena muito bem — todos os seus filmes parecem ter aquele proscênio delimitado pela câmera, onde o mundo todo gira ao redor dela. Eu ainda quero ver ele voltar à fluidez do movimento que ele tinha de Orgulho & Preconceito (2005) até Hanna (2011).