Tem feito muito frio por aqui, mas tem feito sol. Então eu tento aproveitar o máximo de tempo que eu tenho na rua com o Tobias. O que me dá menos tempo na frente da TV (eu tô tentando ficar menos tempo sentado no sofá, porque eu acabo dormindo), e mais tempo caminhando pela cidade — a coisa que eu mais gosto de fazer de todas. Mesmo assim, consegui fazer minha rotina cultural bem certinha, e fui atualizando esse rascunho pela semana. Agora, sentado no fim da tarde de sábado, vertendo coriza e com uma dor de cabeça descomunal, eu consegui escrever essa introdução. Queria que ela fosse mais inteligente, comentando como foi meu dia (foi um bom dia!), mas o cansaço tá batendo. Talvez semana que vem…

Eu queria ter escrito isso pela manhã, mas eu fiquei tão doente nessa última semana que eu acordei às 9h parecendo que eu apanhei a noite inteira. E isso que eu ando dormindo todos os segundos possíveis. Não escrevi sobre nenhum disco porque eu ainda não parei de tocar Geraes o tempo inteiro. Que disco gigante.


Jogos: Breath of the Wild, New Horizons.

Amelia me dando sua sabedoria sobre tempo livre em Animal Crossing

Nada de novo essa semana. Eu tive pouco tempo de jogar na segunda, o dia que eu “reservo” pra isso. O pouco tempo que tive foi fazendo as rondas na minha ilha em Animal Crossing: New Horizons (Switch 2). Eu também cheguei à Vila Kakariko e encontrei a Impa pela primeira vez em Breath of the Wild (também no Switch 2), e comecei meu rumo até Hateno. Eu gosto de fazer esse trajeto a pé, como eu fiz na primeira vez que eu joguei esse jogo. Mais pra frente, quando a gente domina o mapa, esse trajeto é bem curto e comum. Mas nesse início ele parece imenso e perigoso. Bacana demais as mudanças de perspectiva que BOTW provoca no jogador conforme ele vai dominando os sistemas do jogo.

Eu dei uma jogada no beta de Battlefield 6 (PlayStation 5) na sexta-feira. Eu sou péssimo em jogos de tiro. Eu também joguei um pouco de Hades (Switch 2), um jogo que eu jogo muito mas nunca fui muito longe. Dessa vez eu ativei o “modo deus”, porque eu sou péssimo em jogos e só quero me divertir e não me sentir um fracasso. Acho que gostei mais dele assim.


Filme: A Hora do Mal.

Plano de Weapons, com crianças correndo na escuridão da noite

Coisa boa ver um filme-montanha-russa como A Hora do Mal (Weapons). Zach Cregger é um baita diretor, e modula o ritmo e o humor do filme pra atingir picos altíssimos até descarrilhar numa loucurada das boas e voltar pros eixos (aqui acaba a analogia com a montanha-russa). É muito bom, muito divertido e muito inesperado. O grande suspense do filme é apresentado no prólogo mesmo, e todo o resto é consequência. Eu amo filmes estruturados assim, dividindo a história em pontos de vista que circulam os mesmos eventos e progridem a narrativa um passo de cada vez. Me lembrou muito a segunda temporada de The Leftovers (HBO), tanto pela angústia dos personagens não saberem o que está acontecendo, quanto pela capacidade de mostrar com bom humor o absurdo da situação quando ela é apresentada por outro ponto de vista (e não existe um elogio melhor). Quando o filme realmente se revela, Cregger já nos tem presos nas mãos dele, e daí ele faz o que ele quiser — e que chacoalhada das boas que é.


Séries: A Idade Dourada, Alien: Earth.

Bertha abraçando o marido baleado em A Idade Dourada

Tô botando A Idade Dourada (HBO, terceira temporada) em dia. A série tá ainda melhor esse ano, com os conflitos confluindo mais naturalmente sem precisar de uma muleta como a guerra das óperas da temporada anterior: tem a crise financeira do George, o casamento da Gladys, a crise no casamento dos Russel. Marion ainda não tem muita história, mas acho que talvez emplaque algo na segunda metade da temporada (tô no quarto episódio ainda!) Eu gosto muito da observação da Kathryn VanArendonk para a Vulture que A Idade Dourada vive numa “zona infinitesimal de consequências”, e a grande sacada da série é de criar o suspense se algum evento vai abalar as estruturas rígidas dessa alta sociedade. Aqui, a todo o momento, parece que tudo está pra mudar, e é muito divertido ver essas mulheres segurando esse mundo no lugar com as próprias mãos.

Comecei os dois primeiros episódios de Alien: Earth (Disney+, primeira temporada). Por enquanto, parece uma mistura perfeita entre o Alien original (1979) e Aliens: O Resgate (1986): tem o terror de estar preso em um lugar com uma máquina de carnificina; e a ação de uma trupe de “heróis” querendo exterminar essa máquina. Eu ainda não abracei muito a analogia da corrida pela imortalidade das grandes corporações que compõem o futuro dessa série com a analogia à Peter Pan. Também tenho um pé atrás com o Noah Hawley: embora eu goste muito das três primeiras temporadas de Fargo e do piloto de Legião, essas séries se perdem muito depois do início e não conseguem parar em pé. Espero que Alien: Earth seja diferente.


Livro: Uma Visão Pálida das Colinas.

Capa do livro

Hoje de tarde eu e o Tobias fomos na praça aproveitar o sol e tomar um ar fresco e eu comecei esse livro do Kazuo Ishiguro que carrego há anos no Kindle e nunca comecei a ler. Em duas horas eu engoli metade do livro. Ishiguro é sempre genial, e eu adoro mergulhar nos livros dele sem saber de absolutamente nada antes. A forma com que ele desdobra tanto o interior quanto o exterior dos seus personagens é fascinante — e tem uma limpidez na sua narrativa, que parece que enxugou todo o desnecessário ao redor sem tirar dele a riqueza dos detalhes. Eu ainda não tenho ideia de onde o livro, sobre uma mulher que relembra uma amizade de sua juventude após o suicídio de sua filha mais velha, quer chegar. Mas como em Não Me Abandone Jamais, eu tô adorando ser carregado pelo autor daqui pra lá com tanta delicadeza e com tanta força ao mesmo tempo que eu nem sei se quero descobrir o que ele tá aprontando tão cedo.

(Dei uma pausa no O Feiticeiro de Terramar essa semana pela densidade, meu trabalho tá muito puxado).