Eu vou tentar escrever toda semana sobre o que eu tô vendo, lendo, jogando e ouvindo. Eu parei de usar o Letterboxd há uns meses e sinto que eu tô esquecendo dos filmes que eu vejo. Não quero voltar para o Letterboxd por enquanto, então acho que uma boa solução é manter minhas impressões por aqui mesmo. A partir da semana que vem, esses resumos devem ser publicados no sábado pela manhã.


Jogos: skate., Time Flies.

Captura de tela de "Time Flies"

Eu joguei bastante dois testes de jogabilidade: o novo skate. (PlayStation 5), que eu gostei bastante, e o playtest online da Nintendo (Switch 2), que eu ainda não sei o que é e não gostei muito. Eu não joguei os jogos anteriores de Skate pra poder falar, mas eu gostei da fluidez das manobras desse novo. Ele não tá nada otimizado ainda, mas se o mundo aberto tiver mais cheio de gente depois do lançamento (o acesso antecipado vai começar até o fim do ano), acho que vai ser um jogo legal de passar o tempo com os amigos no Discord.

Eu também joguei o curtíssimo Time Flies (Switch 2), e tem a chance dele chegar na minha lista de jogos favoritos no fim do ano (vai ser o segundo lançamento da Panic no top 5 se isso acontecer). É curtinho de propósito e eu achei bem emocionante — me lembrou muito de jogos que eu jogava no Kongregate, e é um grande elogio.

Jogos de rotina continuam sendo Breath of the Wild (recomecei pela enésima vez, mas agora com a desculpa de testar a edição pro Switch 2) e Animal Crossing: New Horizons. Minha ilha finalmente alcançou o nível da Léte original, que eu apaguei sem querer em 2023.


Filme: Amores Materialistas, Superman.

Plano de "Amores Materialistas"

Eu adorei Amores Materialistas (Celine Song, 2025), o novo filme da diretora de Vidas Passadas (2023). Não despedaçou o meu coração como seu filme anterior, mas tem a mesma fluidez. Amei como Song apresenta a personagem da Dakota Johnson, uma verdadeira casamenteira, que procura pares para seus clientes se apaixonarem. Tem uma leveza na forma como Song move a câmera e o ritmo do filme que parece flutuar, o que conversa bem com o humor do filme também.

Gostei muito do novo Superman (James Gunn, 2025). Acho que tem o mesmo feito de Barbie (Greta Gerwig, 2023), de conseguir ser um bom arrasa-quarteirão que tem algo a dizer e que consegue não parar o filme em nenhum momento pra isso. Também assume a inteligência do espectador, o que poupa um bocado de tempo que blockbusters ultimamente parecem perder em tentar justificar ações de seus personagens. Aqui, tudo o que importa sobre esse Super-Homem a gente aprende nas ações e nas suas reações: ele ainda tá começando a ser um super-herói, e está aprendendo a entender onde está sua própria força. É uma ideia muito bacana e muitíssimo bem feita. Me lembrou muito da dinâmica familiar de Os Incríveis (Brad Bird, 2007) e dos desenhos animados de super-herói que davam sábado de manhã na TV. Acho esse o ritmo e o humor correto pro Super-Homem.

Também revi dois filmes: Orgulho e Preconceito (Joe Wrightm, 2005) e O Profeta (Jacques Audiard, 2009), dois favoritos. Wright era tão bom no início da carreira, dá uma tristeza de ver como sua direção ficou cheia de afetação a partir de Anna Karenina (2012). Ele traduz muito bem a fluidez da prosa de Austen em uma câmera que dança entre seus personagens em um filme que não para um segundo, e mesmo assim consegue respirar. Ainda acho O Profeta incrível (é a primeira vez que eu revejo ele em muitos anos). Sempre acho a transformaçào do protagonista em algo ao mesmo tempo inevitável e surpreendente. Dá pra saber logo no início que ele vai se transformar na prisão, mas é muito eficaz como Audiard transforma ele. (Pela primeira vez eu percebi que os intertítulos são, na verdade, a divisão de capítulos do filme…)


Livro: O Feiticeiro de Terramar.

Em 2021 eu li todos os livros do Ciclo Hainish, e agora eu tô começando a ler o ciclo Terramar da Ursula K. Le Guin. O Feiticeiro de Terramar ( ed. Morro Branco) é fundo. É um livro que se passa tanto dentro quanto fora da mente do protagonista, Ged, e é incrível como a escritora captura tão bem sua transformação tanto interna quanto externa, enquanto cria um mundo riquíssimo de histórias, lendas e tradições. Me lembra muito tanto o Princesa Mononoke (Hayao Myazaki, 1997) quanto Zelda na sua fantasia, que faz parte de um mundo que existe muito antes de nós entrarmos nele e continuará quando o livro acaba — e não cai na bobagem de querer contar a história de um escolhido. Algo que eu já sabia que ela evitaria por causa dos seus livros de ficção científica.

Tô lendo devagarinho.


Música: Geraes.

Não consigo parar de ouvir o Geraes (1976) do Milton Nascimento. Nada de novo… Milton cria músicas imensas, e Geraes parece ser a música do fundo das montanhas e do campo. Parece uma música que ecoa pra sempre nos lugares que ela foi cantada. A voz de Milton parece o próprio vento. “O Ceio da Terra” é lindo. (Dei o vinil pro meu pai do dia dos pais).