Guaxinins observam casas durante a noite

PomPoko: A Grande Batalha dos Guaxinins é um absurdo. Quando eu vi esse filme pela primeira vez eu fiquei impressionado sobre quanto esse filme vai fundo na ideia, sem vergonha de parecer ridículo. É um épico de guerra que consegue, ao mesmo tempo, modular entre a devastação de um conflito e achar graça no comportamento preguiçoso dos seus personagens e seus sacos gigantes.

No meio de PomPoko tem o épico de guerra, a comédia de costumes, o filme de espião e o drama da imigração e assimilação. Sem mentira. E tem Takahata modulando estilos, criando três “camadas” visuais para cada estágio de transformação de um guaxinim. Desde o mais lúdico e fantástico ao mais realista (e triste).

É a segunda vez que eu assisto PomPoko no cinema. Ano passado a cinemateca exibiu esse filme, e eu fiquei impressionado com a beleza dos cenários no bosque em que os guaxinins, e como Takahata cria um baque quando esse cenário vaificando mais e mais concretado, quando as ruas começam a passar. Takahata trabalha com a mesma melancolia de Memórias de Ontem aqui — com personagens assimilando a transformação que eles vão precisar assumir para continuar existindo, ou o fim trágico que eles vão ter ao se negarem. Ele modula tão bem os aspectos lúdicos e trágicos desse filme que o finalzinho, quando vemos a família na cidade, eu não consigo evitar e choro toda a vez. É um filme triste, mesmo sendo engraçado, já PomPoko mostra logo cedo que essa guerra foi vencida antes mesmo de começar. É o que a derrota parece pros guaxinins que eu acho ainda mais desolador. Ainda bem que tem aquele epílogo, um suspiro no meio da tristeza.